Vivemos em tempos de mudança, onde se fala cada vez mais em saúde mental, bem estar e satisfação no trabalho. Desta premissa surgiu o movimento Quiet quitting, mas será que veio mesmo para ficar?

Quiet Quitting, ou “demissão silenciosa” em português, surgiu recentemente nas redes sociais. Este conceito tende a acabar com os hábitos que muitos colaboradores foram adquirindo ao longo do tempo, de trabalhar além do horário estabelecido ou de realizar tarefas além daquelas para as quais foram contratados.

Este fenómeno surge entre as gerações mais jovens, nascidas nos anos 80, de uma forma geral com elevadas habilitações literárias e que não abdicam de ter tempo para a vida pessoal e familiar. A insatisfação no local de trabalho pode facilmente levar os colaboradores a adotarem esta prática, uma vez que se sentem frustrados, por exemplo, pelo não reconhecimento por parte dos superiores.

A possibilidade de trabalhar remotamente faz com que muitos colaboradores fiquem permanentemente conectados. Também a vontade de progressão na carreira pode rapidamente levar a um aumento da carga de trabalho e, consequentemente, criar um ciclo vicioso com consequências graves a nível de saúde mental.

Este método surge, assim, como uma forma de impor limites entre a vida profissional e pessoal, uma vez que prevê efetuar as suas tarefas única e exclusivamente dentro do horário de trabalho sem culpabilização de não ficar mais tempo.

Por estes motivos, no passado mês de dezembro, Portugal criou uma lei (lei n.º 83/2021) que prevê consequências para as empresas que contactem os trabalhadores em teletrabalho fora do horário.

Quiet quitting: problema ou solução?

Um colaborador feliz é, normalmente, mais dedicado nas suas tarefas e acaba por produzir mais. Ao ter mais tempo para dedicar à vida pessoal e familiar, os trabalhadores acabam por estar menos distraídos no trabalho, tornando-se mais empenhados nas suas funções.

Assim, e apesar desta tendência parecer um problema para os empregadores, uma vez que os funcionários estão menos disponíveis para horas extra, na verdade pode ser vantajosa, uma vez que a saúde mental dos trabalhadores tem um forte impacto financeiro nas empresas.